sábado, 13 de dezembro de 2014

História

A Legionella pneumophila é uma bactéria que ficou conhecida devido a um trágico acidente numa convenção da American Legion em 1976, no Bellevue Stratford Hotel , Filadélfia, onde repentinamente 34 participantes faleceram e 221 contraíram uma pneumonia grave. A busca do motivo dessas mortes levou ao conhecimento mais apurado da bactéria, apesar já ser, na época, uma bactéria conhecida.

Biologia

A Legionella pneumophila é uma bactéria ubiquitária e saprófita da água, não fermentadora da lactose, sendo nutricionalmente exigente. É oxidase positiva, catalase positiva e hidrolisa o hipurato. Patógeno intracelular facultativo, apresenta um sistema de secreção tipo IV, chamado dot/icm responsável por sua capacidade de invadir a célula hospedeira.

Infecção

A infecção pela bactéria ocorre principalmente na inalação de vapor, gotículas de água ou neblina contaminada com a Legionella, oriundas principalmente de chuveiros domésticos, torres de resfriamento, condensadores evaporativos e bandejas de gotejamento de condensado, sobretudo quando existem algum depósito de água como nos aquecedores por acumulação. Por esse motivo a NBR 10674 indica que a água aquecida deve estar entre 40°C e 70°C de modo a não permitir a reprodução da bactéria.

Patogénese

A Legionella pneumophila multiplica-se no interior das dust cells, lesionando as células infectadas por acção de: fosfatases, lipases e nucleases, provocando o recrutamento de novos fagócitos. Há produção de anticorpos e activação subsequente dos macrófagos, que eliminam a bactéria.

Patologia

• Quando os nutrientes começam a escassear, a produção de citotoxinas pelas bactérias em stress, levam a ruptura dos macrófagos e o ciclo recomeça. • A secreção de proteases (são enzimas que quebram ligações peptídicas entre os aminoácidos das proteínas) pela L. Pneumophila contribui para o dano dos tecidos. • A propagação da doença leva o recrutamento de fagócitos oriundos do sangue, mas L. pneumophila é relativamente resistente aos neutrófilos e multiplica-se dentro dos monócitos.

Factores de risco

  • Tabagismo
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica
  • Idade
  • Transplantes
  • Imunossupressão

Doenças causadas

A L pneumophila pode originar infeções assintomáticas ou sintomáticas. As infeções sintomáticas podem ser:
  • Febre de Pontiac - forma menos severa, origina uma dor aguda de tipo gripal, sem sinal radiológico de pneumonia e autolimitada.
  • Doença do legionário - forma mais grave, com sinal radiológico de pneumonia, podendo evoluir para pneumonia grave.

Diagnóstico

Os métodos mais eficientes para o diagnóstico da Legionella pneumophila passam pela Imunofluorescência direta, método menos sensível, ou pela Imunofluorescência indireta, com maior sensibilidade. Métodos menos eficientes incluem:
  • coloração pelo Gram,
  • deteção de antigénios solúveis na urina
  • uso de PCR.
  • cromatografia gasosa.

Prevenção

A prevenção da contaminação das águas faz-se pela adição de cloro contínua a longo prazo, ou pela elevação da temperatura da água para temperaturas entre os 60 e os 70 graus Celsius.

Tratamento

O tratamento farmacológico só se aplica à Doença do legionário, já que a Febre de Pontiac ao fim de 1 a 5 dias cura espontaneamente. Como antimicrobiano de primeira linha, deve-se usar eritromicina. Como antimicrobiano de segunda linha, pode-se utilizar a rifampicina, mas nunca em monoterapia. A Legionella pneumophila produz beta-lactamases, sendo resistente aos beta-lactâmicos (nomeadamente a penicilina).



Legionella pneumophila, MOC


Noticias sobre a doença em Portugal:
 http://sicnoticias.sapo.pt/especiais/legionella/2014-11-21-Adubos-de-Portugal-e-a-origem-do-surto-de-legionella

http://www.sol.pt/noticia/118900


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